sexta-feira, 4 de março de 2011

Eu e esses meus malditos medos

Faz muito tempo na minha vida que eu venho tentando me permitir.
Faz muito tempo que as pessoas olham pra mim (ou às vezes nem olham) e me dizem:
 "Robson, se permita."
Como se fosse fácil.
Nada para mim é tão fácil.
Fui fraco, eu assumo. Deixei que se apoderasse de mim aquilo que as criaturas humanas deviam ter mais medo: o próprio medo.
Acho que venho vegetando ultimamente por conta desse medo.
Ou vinha vegetando... não sei.
Só que quando eu tento mudar de estado o que é que me acontece?
Simplesmente os motivos que eu tinha não eram suficientes.
Os motivos não! Vou lhe ser franco: você não era tudo aquilo.
E eu que estaria disposto a mudar...
Droga, droga, droga.
Me diz só um motivo. Me dá só um porquê.
Não tem né? Imaginei...
Era disso que eu tinha medo..., quer dizer, era você quem eu temia.
Você se aproximou sorrateiramente... me encheu de confiança... me fez enfrentar meus medos
E para quê, se era tudo falso.
Agora eu vejo que eu não era covarde ante a vida não.
Esta última é só o menor dos meus medos comparada a você.

domingo, 23 de janeiro de 2011

"(...) E meus amigos estão por aí, o que são os amigos?
Coisas distantes, coisas que quando estão perto a gente sente,
 mas é tudo tão fictício!
Tudo tão oco,vão...
É, estou triste."

Jorge Mautner - "Mitologia do Caos"

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A morte e vida de Charlie



Esse título refere-se a um filme que eu assisti um dia desses. Sabe aqueles filmes que você pega para assistir sem se quer ter ouvido falar dele, simplesmente você olhou a sinopse e gostou mesmo sem saber direito que caminhos o filme teria, pois bem, com A morte e vida de Charlie foi bem assim.
Charlie é um jovem rapaz de uma cidade costeira dos Estados Unidos que está saindo do colegial e mora com sua mãe e seu irmão mais novo, o Sam. Esses dois são parceiros na vida e no mar, ambos participam juntos de uma regata de iatismo. Eles têm uma forte relação como irmãos. Sam, o mais novo, vive a se espelhar em Charlie e esse vive para o irmão e ambos sonham em viajar juntos pelo mar como competidores. Sam também tinha outro sonho que era ser jogador de baseball e para ajudá-lo, Charlie fez ele prometer que todos os dias eles se encontrariam no canhão-do-pôr-do-sol para treinarem juntos.
Mas a vida sempre muda os nossos planos, e para eles ela traria uma grande revolução. Os meninos sofrem um grave acidente de carro: Charlie tem uma parada cardíaca e por um milagre consegue ser reanimado, mas o pequeno Sam não tem a mesma sorte e morre. Essa morte causa um choque na família e principalmente em Charlie que se sente culpado pelo acidente.
Só que o amor dos dois era tão forte que em vez de partir Sam ignora a morte e resolve ficar para cumprir a promessa que tinha feito ao irmão mais velho: toda tarde eles se encontrariam no canhão-do-pôr-do-sol para treinar baseball. Foi assim durante cinco anos. Charlie abandonou seus planos de ir para a universidade, de velejar pelo mundo, enfim, de viver. Ele passou esses cinco últimos anos trabalhando no cemitério só para ficar mais perto do irmão. Claro que com esse comportamento ele não era tido como uma pessoa normal na cidade.
Um dia ele conheceu Tess, outra fanática por iatismo. Ela ia fazer aquilo que ele tanto queria, mas que tinha deixado para traz, que era velejar pelo mundo. Quando ela questionava porquê não tentar velejar novamente ele simplesmente desconversava e se pegava a olhar para o relógio com medo de perder a hora de rever o seu irmão, afinal, eles tinham prometido...
Tess segue em frente com os seus sonhos e o Charlie vai deixando de viver sua vida para viver a morte do seu irmão. Em uma manhã, quando Charlie estava indo para o cemitério fazer o seu trabalho, ele encontra Tess deitada em cima do túmulo do pai dela e com um pequeno ferimento na cabeça. Ele cuida dela e acabam cedendo aos laços do amor que os envolve. Mas mesmo assim ele não deixa de ver o seu irmão todo fim de tarde. Sam, por sua vez, já sente que o irmão não está tão próximo como antes e teme não poder mais ficar por aqui. Três dias passados desde que Charlie encontrou Tess lá no cemitério ele descobre que ela nunca voltou de sua viagem, o seu barco tinha sido tragado por uma tempestade.
A segunda chance que Charlie tinha recebido no acidente que matou o seu irmão não deveria ser desperdiçada, afinal, Deus não gosta de se exibir. Charlie entende isso e sente que Tess na verdade não está morta e que ela simplesmente apareceu para ele no intuito de que ele fosse lhe resgatar. Nesse momento ele se vê em um caminho bifurcado: ele deve ficar vivendo a morte do seu irmão ou ir atrás de Tess que pode estar viva e ser a sua paixão? É a segunda opção que ele escolhe e parte imediatamente para o mar. Sam, na hora marcada, estava lá no canhão-do-pôr-do-sol mas o seu irmão não havia cumprido com a sua promessa e não veio. Nesse momento ele entende que seu tempo por aqui já acabou. O que os dois viveram juntos foi muito belo, mas ele estava morto e seu irmão tinha recebido uma segunda chance e deveria viver e ser feliz. Charlie consegue encontrar e salvar a Tess e os dois pretendem ir juntos viajar pelo mundo como sempre quiseram. Só que uma vez mais Charlie tem que voltar lá no canhão-do-pôr-do-sol, dessa vez sabendo que não vai mais rever seu irmão mas, com o intuito de fazer uma nova promessa, não de se encontrarem para sempre, mas sim, de serem irmãos para sempre.
FOI ESSE O FILME QUE EU ASSISTE E QUE ME FEZ REFLETIR TÃO PROFUNDAMENTE. EU JÁ TIVE UM ‘SAM’ NA MINHA VIDA, QUE NÃO ERA UMA PESSOA SÓ NÃO: O MEU ‘SAM’ FOI UMA FASE DA MINHA VIDA EM QUE TUDO DAVA CERTO; EM QUE MEUS AMIGOS ESTAVAM TÃO PERTO DE MIM; EM QUE MINHA FAMÍLIA ESTAVA TÃO BEM JUNTA; E QUANDO ISSO TUDO PASSOU POR UMA TRANSFORMAÇÃO - E EU TAMBÉM – EU NÃO QUIS ME DESVENCILHAR DO MEU PASSADO. PRECISEI ASSISTIR A UM FILME PARA ME DAR CONTA DISSO? NÃO! EM PEQUENAS CONVERSAS, EM PEQUENOS GESTOS, EM PEQUENAS PAISAGENS, ENFIM, NAS COISAS MAIS SIMPLES ESTAVAM UM ALERTA: ROBSON, VOCÊ PRECISA É VIVER NOVAMENTE! E EU NUNCA QUIS VER ISSO: MEDO DE ARRISCAR? É TALVEZ SEJA. MAS AGORA EU ME PERGUNTO:SERÁ QUE EU TENHO QUE ENTRAR TÃO CEDO NOS MEUS SETE PALMOS DE TERRA? SERÁ QUE NÃO CHEGOU A HORA? SERÁ QUE NÃO É A HORA E VEZ DA ÁGUIA? SERÁ QUE É SÓ ISSO QUE TEM GUARDADO PARA MIM? SERÁ QUE EU NÃO POSSO MAIS? SERÁ...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

"Acho que não sei quem sou só sei do que não gosto..." - Renato Russo



É isso que eu escuto Renato me dizer todo dia. Ele me lança esse verso na cara como se soubesse que eu acho que não sei quem sou...

Muitas vezes me flagro tentando decifrar que ser é esse que nesse corpo reside. Não é uma questão muito fácil de decifrar, aliás, nada é fácil quando se trata de mim. Quer ver um exemplo:  estou agora de frente para o computador tentando buscar essas simples palavras e não consigo as encontrar, pelo menos não com facilidade. Isso é por que eu sou assim.

Já passei da idade das crises existenciais – que por sinal foram muitas – a questão agora é outra, agora é decifrar mesmo esse ser que se formou. Muitas vezes eu tomo cada atitude que não tem como não se espantar com elas: Robson, você foi capaz de fazer isso!? É, eu fui; ou às vezes eu não às tomo, o que também me deixa assustado, e pior, revoltado com a minha passividade. 

Acho que é isso que me falta: constância. A minha volubilidade ( se é que essa palavra existe) não me permite traçar um perfil fixo para mim mesmo. O que é um problema tá vendo, de repente chega um blog que tem a audácia de me perguntar quem sou e eu fico aqui ‘gaguejando’ palavras sem ter certeza se é isso mesmo que quero escrever. Pode ser que amanhã tudo isso já esteja ultrapassado; amanhã eu já posso me olhar no espelho e descrever as partes mais obscuras da minha alma... ou não ( esse ‘ou não’ sempre anda comigo por sinal).

Vai ver que foi por isso que eu escolhi como título do blog a célebre música Metamorfose Ambulante. Além de ela me lembrar o meu ídolo maior ( que por sinal ganhará uma postagem exclusiva por aqui), também me remete ao meu constante estado de inconstância. Que complicado né?

Enfim,espero um dia ter resposta para esses e outros questionamentos. Se não as encontrar, paciência, fazer o quê...elas nunca são mesmo fáceis de se achar.